É um dos conteúdos
mais instigantes das ciências humanas. Extrapola as fronteiras da
Filosofia, História, da Geografia, da Pedagogia, da Sociologia e
essas fronteiras ultrapassadas, muitas vezes, geram entendimentos
polêmicos e sempre passíveis de debate. O primeiro passo deve ser
entender os conceitos de ideologia e suas contradições. Esse
entendimento possibilitará uma abordagem mais ampla e diversa de
possibilidades.
Você já teve que
comparecer a um enterro e foi avisado/a que não deveria usar o
celular e “mostrar respeito” aos parentes de quem faleceu? Já
presenciou situações em que o tipo de roupa que você deveria usar
não tinha em seu guarda-roupa e o aluguel foi a opção para poder
comparecer? Se a resposta foi afirmativa, então você sabe como
ideologias se caracterizam.
Ideologias
prescrevem normas, ou seja, dizem como devemos ou não devemos agir
e, também, estabelecem sanções tanto explícitas quanto implícitas
e as punições para as normas descumpridas, sendo estas as que
afetam a manutenção da harmonia social pretendida. Nesta
perspectiva, ideologia é o conjunto de ideias que organizam
visões de mundo, atribuem sentido à realidade em que se vive.
Tornam possível, enfim, a socialização.
Mas a vida em
sociedade se caracteriza por contradições, como, por exemplo,
riqueza e pobreza e estas contradições também são marcadas por
conteúdo ideológico. Este justificará a legitimidade da
propriedade de uns e o fato de outros não a terem. Essa
justificativa deve garantir a manutenção da propriedade e a
aceitação por parte de quem não tem que os motivos de não terem
são, por assim dizer, justos.
O ponto é que, em
muitas situações, a propriedade é conseguida por meios que não se
caracterizam por serem justos e, sendo sabidos, podem produzir
revoltas, sedições, reivindicações de mudanças. É quando há
necessidade de ideias, de outras explicações, argumentos que
impeçam as revoltas e façam a ordem social ser restaurada ou mesmo
mantida. Aqui a ideologia é o mascaramento da realidade que
garante a naturalização das desigualdades.
Karl Marx foi o pensador que desenvolveu com mais profundidade esta
perspectiva.
É
crucial considerar que a
junção das duas perspectivas possibilita um entendimento mais
diverso das contradições sociais: para que aconteça a socialização
de indivíduos faz-se necessário o mascaramento de alguns aspectos
da realidade. A “ordem social” depende da não aparição de
determinados aspectos. O que se deve também considerar diz respeito
ao uso de ideias, de conjuntos de ideias, de ideologias, que
legitimem desigualdades extremas que impeçam o caminho da plena
humanização.

0 comentários:
Postar um comentário